Tornar-se saudável e sustentável. Um recorte de algumas responsabilidades em torno do cuidar e do envelhecer.

Considerando o aumento de quadros vinculados a Síndrome de Burnout, Diabetes, Hipertensão e até mesmo do Câncer, torna-se necessário questionar sobre os caminhos possíveis para prevenção e manutenção da saúde.

Atualmente, ressalta-se o aumento da perspectiva de vida, tornando possível uma longevidade maior, em função do avanço da tecnologia e da eficácia dos medicamentos. Porém, em contrapartida, também há uma grande possibilidade de que futuramente, cada vez mais haverá um número maior de pessoas com antecedentes mórbidos e com a necessidade de fazerem uso de medicações.

Desta forma citada acima, é de extrema importância abordar sobre alguns questionamentos, tais como: como evitar doenças possivelmente evitáveis? Como cultivar uma vida mais longa e com mais qualidade de vida? Como preservar a saúde? Quem (quais) cuida é (são) o(s) responsável(eis) pelo cuidado com a saúde?

E pensando em tais questionamentos e possível cenário futuro, foram selecionados 3 vídeos TEDx Talks, disponíveis no Youtube. As apresentações sinalizam, refletem, conscientizam e sensibilizam sobre a importância de se responsabilizar pelo cuidado diário com a própria saúde.

Saúde Integral: nossa essência – por Luciana Costa

A reflexão abordada pela Dra. Luciana, sinaliza sobre as estatísticas atuais em torno da saúde mundial. E em paralelo, ela instiga a um importante convite para assumir um cuidado preventivo com a saúde, ainda que se viva em meio à dinâmica dos centros urbanos.

O convite ressalta sobre o valor da Saúde Integral, considerando algumas práticas diárias, que garantam a sustentabilidade do ser humano. Entre estas práticas, ela cita sobre:

  • a manutenção de uma alimentação natural, integral e orgânica. Além de, cultivar o alimento emocional, como sinônimo de refeições cercadas de bem-estar e afeto, de modo consciente e equilibrado
  • o consumo de água como um importante recurso para vitalidade das células do organismo
  • o sono reparador, considerando suas necessidades para que ele aconteça. Como exemplo: não comer em excesso no período noturno. E comer até o horário das 20h.
  • a prática de alongamentos e de exercícios físicos.

Co-criação de saúde – por Leonardo Aguiar

Neste segundo vídeo selecionado, o Dr. Leonardo enfatiza inicialmente sobre a tendência natural das pessoas se ausentarem da responsabilidade com o cuidado da própria saúde. Tal tendência, segundo ele, reflete na origem dos problemas.

O comprometimento em colocar em prática aquilo que se sabe com o que se que se pensa, em torno de um olhar que considera a construção de hábitos diários e até mesmo a vivência de um estilo de vida que também prioriza saúde e bem-estar, tende a ser um significativo caminho para não mais cuidar apenas dos sintomas das doenças. Mas também como uma importante alternativa para evitar que certos processos de adoecimentos ocorram.

Ao longo de sua apresentação, o Dr. Leonardo utilizou como referência um caso clínico que acompanhou em seu próprio consultório. Em sua abordagem clínica, ele optou por um tratamento cercado de profissionais de diferentes e complementares especialidades, apostando e percebendo os efeitos de um cuidado integral.

Um dos pontos ressaltados pelo senhor Aguiar, também foi sobre a necessidade de cuidar das questões emocionais, como parte integrante deste movimento de se conscientizar e responsabilizar-se pelo cuidado da própria saúde.

Saúde como um ato de amor – por Maitê César

“Viver a vida que quero viver. E não a que poderia ter sido vivida.” De acordo com a Dra. Maitê, este tende a ser o possível resultado de uma vida cercada de conscientização, responsabilidade e amor, direcionados ao objetivo de evitar certos adoecimentos.

Assim como Dra. Maitê, ela também ressalta sobre os benefícios de cultivar uma alimentação equilibrada, como fonte de nutrição ao corpo, à vida e ao próprio bem-estar.

Em sua reflexão, a doutora instiga a sensibilização perante os seguintes aspectos na vida diária:

  • autocuidado, como um modo de se relacionar consigo mesmo.
  • alimentação e metabolismo com manejos equilibrados.
  • cuidado com a saúde intestinal, considerando o sistema digestivo como fonte de imunidade e bem-estar.
  • a prática de medidas diárias que minimizem o estresse e preservem o repouso.
  • o gesto de se amar, como uma atitude atenta, consciente, acolhedora e responsável consigo mesmo.

O que há em comum nestes estudos atuais sobre o cuidado com a saúde?

Alguns pontos em comuns foram facilmente observados nas apresentações destes profissionais de saúde. Entre estes pontos, é possível considerar a importância em assumir um estilo de vida que propicia a proximidade com o conhecimento, a atenção e a prática de hábitos que sustente o cuidado integral com a saúde.

Cuidar dos sintomas após a instauração das doenças tende a não ser o único caminho pertinente a manutenção da saúde. Mas adotar hábitos que potencializam o evitar de certas doenças é um caminho eficaz para uma vida sustentável e saudável.

Contar com o apoio e acompanhamento de profissionais de diferentes e complementares áreas também é uma das características deste cuidado integral.

O que fica de lição de casa?

Ao ser humano, assim como eu, fica esta oportunidade de aprender, ressignificar, se conscientizar e se sensibilizar com os processos que todos estão convidados a viver, como: o envelhecimento, nosso potencial para o adoecimento e sobre a própria finitude.

Neste sentido, é de extrema importância acolher as próprias demandas emocionais e perceber aquilo que se pensa, acredita e espera de si e da vida, enquanto a vivencia. Adotar uma postura afetiva e responsável com o as escolhas e com a construção da própria história de vida, pode ser um caminho sustentável para preservar a natureza mutável e finita que se é.

Muitas situações são possíveis de serem evitadas, e muitas outras podem ser melhoradas. Entre as que podem ser melhoradas, observo que as orientações e as condutas adotadas pelos profissionais de saúde, também são de uma extrema importância social.  A estes profissionais, os cabe assumir e fortalecer as responsabilidades em prol de um cuidado preventivo e integral.

A tudo e a todos, um caminhar gradual. Um primeiro passo e depois o outro. Por aqui, algumas informações breves e iniciais. Apenas uma iniciativa, um olhar e um convite. Mas para seguir neste caminhar, vamos continuar?

Por Tayna Wasconcellos Damaceno.

Referências

Diabetes, hipertensão e obesidade avançam entre os brasileiros. UNA-SUS, 2020.

Disponível aqui. – Acesso em 28/08/2022.

OMS revela principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo entre 2000 e 2019. Nações Unidas Brasil, 2020.

Disponível aqui. – Acesso em 28/08/2022.

SALES, Amanda. Síndrome de burnout: especialistas explicam processo de ‘esgotamento’ físico e mental no trabalho. G1-DF, 2022.

Disponível aqui. – Acesso em 28/08/2022.

Dia Mundial do Enfermo – “O doente é mais importante do que a sua doença”, reflexões do Papa Francisco e a Psicologia

Recentemente, o Papa Francisco fez menção ao Dia Mundial do Enfermo, celebrado no dia 11 de Fevereiro, desde 1992.

Em seu discurso, o Papa Francisco expressou que “o doente é mais importante do que sua doença”. Também destacou a importância em cultivar a escuta, explorar a história, os anseios e os medos de quem vivencia um processo de adoecimento.

Discurso este, que se assemelha aos princípios cultivados pela Psicologia, em suas diferentes abordagens e áreas de atuação. Considerando, claro, a importância de explorar o indivíduo em sua totalidade.

O que é enfermidade? E quais são seus impactos?

Por enfermidade, de modo breve e geral, entendemos que se trata de um desequilíbrio na condição biopsicossocial e espiritual.

Em um processo de adoecimento, o enfermo não só vivencia seus desequilíbrios pertinentes a doença. Mas também passa a lidar com outras consequências, tais como:

  • novas necessidades;
  • mudanças na rotina;
  • mudanças em seus relacionamentos;
  • impactos na autoestima;
  • instabilidade psicológica, se aproximando de manifestações de medo, angústias, desesperanças, frustrações e outras tantas.

A enfermidade provoca uma série de mudanças. E seguindo pela via das possíveis consequências psicológicas, é importante considerar que o indivíduo pode se deparar e até se agravar diante de sentimentos de tristeza, desamparo e solidão, por mais que esteja em tratamento e cercado de apoio.

O que as mudanças nos relacionamentos podem causar no enfermo?

A estranha sensação de vivenciar o desconhecido, se agrava perante a forma diferente que as pessoas ao redor passam a tratar o indivíduo.

Por vezes, essa forma diferente se manifesta por excessos, sejam eles voltados a certos comportamentos que expressam indiferença afetiva e distanciamento das pessoas com o indivíduo. Ou até mesmo, seu outro extremo, o excesso de cuidar, de se fazer presente, de se preocupar e até de poupar o ser que adoece, das situações mais simples de seu dia a dia.

Estes exemplos de modos diferentes de tratar a pessoa que passa por uma enfermidade, podem causar ainda mais os sentimentos de medo, desamparo e solidão. Afinal, a pessoa passa a ser vista de forma diferente. Em suas relações, ela tende a ser vista através de sua doença, e não mais pela sua totalidade de ser.

Neste sentido, a Psicologia faz das palavras do Papa mencionadas aqui, as suas. O princípio de relações humanizadas se estende ao gesto de cuidar, principalmente quando se trata de situações de adoecimento.

Como lidar com o indivíduo que vivencia o adoecer?

Como via de regra, é importante olhar o ser que adoece enquanto ser que está em processo de mudança, e não unicamente como uma doença.

É eficaz preservar o olhar de que o indivíduo permanece o mesmo enquanto ser humano, como alguém que vivencia as próprias opiniões, gostos, preferências, sentimentos, conhecimentos, capacidades, limites, responsabilidades e tudo o que contempla alguém com seus direitos e sua próprio história.

Por isso a menção e o lembrete: “o doente é sempre mais importante que a doença”. Ele é muito mais, algo além de sua doença.

Como ajudar de forma positiva?

  • procure tratar o ser enfermo como um todo;
  • mantenha o gesto de respeito, empatia e atenção ao que ele tem a oferecer e a dizer;
  • cultive o gesto de escutá-lo e até mesmo de perguntar o quê for necessário;
  • preserve a autonomia e o seu senso de responsabilidade dele;
  • explore sua história, suas descobertas, dificuldades, sentimentos e aprendizados vivenciados no momento atual;
  • dentro do possível e se possível, também peça ajuda ao enfermo. O senso de capacidade e pertencimento nutrem a autoestima.

Por último, mas não menos importante, cuide de você. Perceba como a situação te afeta. Se preciso e possível, busque ajuda também.

O cuidado consigo causa um efeito dominó: ajuda a si mesmo, a situação e o enfermo. E se tratando de cuidado, nas relações e em qualquer situação, ele pode “faiar”. Mas o importante é tentar!

Por Tayna Wasconcellos Damaceno.

Referências

AYRES DE AlMEIDA, Raquel e MALAGRIS, Lucia. A Prática da Psicologia da Saúde. Revista SBPH,  Rio de Janeiro ,  v. 14, n. 2, p. 183-202, Dezembro de 2011.

Disponível aqui. Acesso em 11/02/2022.

JAGURABA, Mariangela. Dia Mundial do Enfermo, o Papa: garantir atendimento médico a todos os doentes. Vatican News, 2022.

Disponível aqui. Acesso em 11/02/2022

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO CÓDIGO DE ÉTICA DOS PSICÓLOGOS. Conselho Regional de Psicologia SP.

Disponível aqui. Acesso em 11/02/2022.

AUTOCUIDADO, A VACINA PARA PREVENÇÃO E MANUTENÇÃO DA SAÚDE MENTAL

Há mais de um ano em cenário de pandemia. E há mais de bilhares de anos, os indivíduos vivenciam diferentes situações de mudanças, perdas, catástrofes e revoluções. Se considerar na História da Humanidade o período de evolução inicial, os períodos de guerras, navegações, escravidão e de epidemias anteriores, será possível se dar conta do quanto foi e é exigido do Homem uma série de capacidades psicológicas.

Se seguir reparando a história da evolução humana, será possível perceber quanto sofrimento e situações estressoras o Homem já suportou. E ainda segue suportando, claro!

Atualmente, além de haver o contexto da pandemia, há uma série de particularidades ocorrendo, como: mudanças climáticas, corrupções políticas, dificuldades financeiras, violências, perdas pertinentes aos óbitos e adoecimentos variados. E como seguir dando conta do viver em meio as tantas informações e tantos caos?

Mais do que nunca, parece que o autocuidado se tornou mais necessário. Afinal, guerras particulares ocorrem com frequência, intensidade e em quantidade. Se trata da subjetividade de cada indivíduo adoecendo através do excesso de cobranças, informações, comparativos, afazeres, exigências, regras e constantes mudanças.

Excessos estes acima que podem levar a falta. Falta de tempo, falta de disposição, motivação, libido, diversão, estado de relaxamento, apetite, sentido de vida, confiança e outros. Mas no meio disso tudo, a única coisa que não pode faltar, mas que tende a ocorrer, é a falta de cuidado.

Autocuidado é a vacina da década! Ele é o recurso necessário para preservar a integridade da saúde física, mental, emocional, espiritual e relacional. Ele é a muleta necessária para fortalecer a resiliência, aliada este do Homem durante toda a evolução.

O autocuidado é para cuidar da vida, dos afazeres, dos problemas, dos relacionamentos, das finanças, dos sentimentos, dos anseios, dos sonhos, da doença e da responsabilidade de viver.

Para cuidar de si é preciso aproximar-se de si mesmo. É preciso reparar os limites, as necessidades, as dificuldades, os recursos de ajuda disponíveis, os desejos e também as próprias capacidades. Cuidar de si é um trabalho diário! É a atenção à relação mais importante que existe na vida, que é do ser consigo mesmo.

E para finalizar, um pedido e um bocado de dicas. Se cuide! Uma tarefa talvez um pouco difícil, mas possível e precisa. Além de protetiva e preventiva. Diga “SIM” ao autocuidado!

O bocado de dicas, conforme mencionado acima:

  • se exercite. No seu tempo, no seu ritmo e ao seu gosto
  • faça exames regulares
  • preserve seu descanso e seu sono
  • se relacione
  • pratique hobbies
  • mantenha a alimentação equilibrada
  • reserve momentos para passar um tempo sozinho(a)
  • pense e reflita sobre suas atitudes e emoções
  • se organize
  • se reconheça e se valorize
  • se aproxime dos seus recursos e redes de apoio
  • respeite seus limites

E por último, mas não menos importante:

  • FAÇA TERAPIA, caso você se identifique com a proposta dela

Aproveite este gesto de incentivo ao autocuidado e procure um profissional da Sociedade dos Psicólogos.

Por Tayna Wasconcellos Damaceno

REFERÊNCIAS:

BLAINEY, Geoffrey. Uma Breve História do Mundo. Ed. 3. São Paulo: Fundamento, Julho de 2015.

Covid: saúde mental piorou para 53% dos brasileiros sob pandemia, aponta pesquisa. BBC News, 2021.

Disponível aqui. Acesso em 31/07/2021.

HARARI, Yuval N. Sapiens: uma breve história da humanidade. Ed.1. Porto Alegre: L&PM, Março de 2015.

PASSOS, Letícia. Pesquisa mostra que 86% dos brasileiros têm algum transtorno mental. Veja, 2019.

Disponível aqui. Acesso em 31/07/2021.

A natureza chama a Psicologia e todo e qualquer indivíduo

A proximidade do ser humano a natureza, como compromisso de cuidado seu e da Psicologia.

“REIMAGINE. REICRIE. RESTAURE.”, este é o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente, neste mês de Junho de 2021.

Tema tendenciosamente curioso que pode despertar ao novo. Afinal, ele aparenta retratar sobre o recomeço. E recomeço do quê ou de quem? Do Meio Ambiente, claro! Mas principalmente da relação do ser humano com a natureza. Um convite para restabelecer esta relação através do gesto de cuidado, respeito, responsabilidade, consciência e principalmente, de reaproximação do homem a natureza.

De acordo com os últimos noticiários e depoimentos a respeito das mudanças climáticas e ambientais, “O clima não está bom… e vai piorar!”, título do artigo publicado pela Greenpeace, em Maio de 2021, faz referência a situação atual do Brasil. Segundo especialistas da organização, o país vivencia problemas vinculados ao “aumento de C02, poluição, chuvas em excesso, enchentes e inundações, deslizamentos de terras, aumento do nível do oceano, perda de espécies e secas em algumas regiões.”

E fica uma instigante questão? Qual é o sentido de abordar sobre o tema do Dia Mundial do Meio Ambiente e de sinalizar sobre a problemática ambiental do país, em uma página voltada ao público cativado pela Psicologia e seus estudos?

O sentido desta curiosa ponte é que cabe a Psicologia estudar o homem enquanto ser biopsicossocial. E assumir a responsabilidade em cultivar práticas e ações que preservem a vida do ser humano, contribuindo para o gesto de autocuidado e de cuidador. E é nesta exata tarefa, que a Ecopsicologia retrata sobre a importância em minimizar comportamentos destrutivos e de negligência, que coloquem a natureza em risco, assim como a vida do homem.

Onde houver natureza, haverá vida humana. Mas onde houver vida humana, haverá natureza?

O homem se enquadra como o ser originário da natureza, assim como as árvores, os animais, a água, o ar e outros. Porém, será que o homem mantém condições de viver sem estas outras formas de natureza? Aparentemente, um tanto quanto distante e com certas dosagens dela, ele mantém condições de se sobreviver. A exemplo é possível citar a sociedade que em sua grande maioria reside em zonas urbanas, com rotinas extensas de trabalho e de proximidade aos aparelhos tecnológicos. Se distanciando assim, de zonas rurais ou de paisagens naturais. E claro, é desta forma que os indivíduos em sua grande maioria seguem vivendo, em paralelo a globalização que também vai ganhando cada vez mais vida.

E como contraponto, sabe o que também se amplia? Os problemas de saúde, transtornos mentais, questões como pobreza e desigualdades. A distância e o descuido com a natureza aumentam, o cuidado com a economia material e financeira se amplia, e a saúde se coloca em risco. A vida humana sem as outras formas de natureza se aproxima de limites. E esta é a uma das mensagens da Ecopsicologia, a fim de fortalecer a conscientização de que o ser humano enquanto homem que se assemelha a sua natureza ao seu redor. E que assim como ela, carece de cuidado, de atenção, de respeito, de conhecimento e autoconhecimento, de relação, de troca e de mudanças.

A natureza muda o tempo todo! E neste momento a perspectiva futura é de que ela seguirá mudando, mas não em uma condição infinita e controlável. Mas sim como tudo na vida, finita e carente de cuidado. Neste momento, estudos apontam que ela se encontra desprotegida, ameaçada, isolada e em risco. É preciso cuidá-la! Seu boletim médico se assemelha muito as estatísticas da sociedade. Parece que seus quadros são um tanto quanto parecidos. É preciso cuidá-los!

E como dá conta disso?

Usando ainda da analogia sobre avalições médicas, em alguns casos, pessoas que se deparam com a notícia de um diagnóstico ou a descoberta de um processo de adoecimento, tendem a negar a situação. Tendem a afastar-se dos gestos de autocuidado e se envolverem com ações mais destrutivas, mais prejudiciais, recorrendo até mesmo aos vícios, por exemplo. Assumir e aceitar o que ocorre consigo mesmo dói! Mas tende a doer mais ainda manter ações que ferem a permanência da própria vida. Negligenciar custa caro.

Mas e o que fazer? Assumir e aceitar aparentam ser ações difíceis!

O caminho é se aliar ao processo de se amparar de informações, esclarecer dúvidas, traçar novos objetivos e expectativas dentro das condições favoráveis, cultivar novos hábitos e seguir com as providências prescritas com gesto de confiança e esperança por uma evolução melhor. O caminho é de se aproximar desta situação, para sentir afeto e se vincular, assumindo a responsabilidade rumo às melhores mudanças.

A natureza adoece e o ser humano também. Mas um tem condições de amparar e de cuidar do outro. Mas é preciso “REIMAGINAR, RECRIAR E RESTAURAR“. E a Ecopsicologia parece ser a possível facilitadora para este recomeço e reparo desta relação. Suas práticas são terapêuticas, e mantem o homem próximo a SUA natureza, interna e externa. Ela é interdisciplinar e transdisciplinar. Ela é nova, mas sua missão vai de encontro com o conceito inicial da Psicologia, com o propósito de manter ações preventivas e de cuidado com a saúde biopsicossocial do indivíduo. Ou seja, nunca fez tanto sentido a Psicologia manter a devida atenção à saúde e se aproximar das questões ambientais da sociedade.

Este é o nosso momento.

Não podemos voltar no tempo. Mas podemos cultivar árvores, tornar nossas cidades verdes, renovar nossos jardins, mudar nossas dietas e limpar rios e encostas. Somos a geração que pode fazer as pazes com a natureza.

Vamos ficar ativos, não ansiosos. Sejamos ousados, não tímidos.

Junte-se a #GeraçãoRestauração!

Mensagem de campanha da World Environment Day

Como cultivar o cuidado da relação com a natureza?

  • Aproxime-se de conteúdos informativos ou de entretenimento que compartilham informações sobre o funcionamento, contexto atual e formas de cuidar do meio ambiente. Sites de artigos e notícias, blogues, filmes, documentários e séries são ótimos canais para resgatar esta relação com a natureza.

A informação favorece o processo de conscientização. E em paralelo, contribui para o manejo de afeto e vínculo com a situação, propiciando ao senso de responsabilização e de ação

  • Mantenha hábitos alimentares saudáveis, a fim de preservar recursos naturais que carecem de cuidado

  • Pratique atividades em locais de paisagens naturais. Mantenha-se atento e usufrua de seus detalhes

A prática de atividades físicas, principalmente em locais em contato com a natureza, promove bem-estar e contribuem para saúde.

  • Vincule-se às marcas, organizações e ações que investem neste compromisso de cuidado. E atente-se as instituições que potencializam os prejuízos ambientais

  • Permita-se conhecer mais sobre e Ecopsicologia e suas formas de atuação, seja como profissional e/ ou cliente deste segmento

  • Faça psicoterapia

É difícil dar conta de tudo! E muitas vezes compreender e mudar comportamentos que se apresentam prejudiciais muitas vezes também são atos com suas dificuldades. E a psicoterapia pode ser um caminho pra ajudá-lo a REIMAGINAR, RECRIAR E RESTAURAR.

Por Tayna Wasconcellos Damaceno

Referências

DOSS, E.; RODRIGUES, E. P.; BAVARESCO, A. M.; BAVARESCO, P. R. ECOPSICOTERAPIA: A NATUREZA COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA. Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc São Miguel do Oeste[S. l.], v. 3, p. e19698, 2018.

Disponível aqui. Acesso em 11/06/2021


SILVA, K., & SAMMARCO, Y. RELAÇÃO SER HUMANO E NATUREZA: UM DESAFIO ECOLÓGICO E FILOSÓFICO. Revista Monografias Ambientais, 14(2), 01-12., 2015.

Disponível aqui. Acesso em 11/06/2021

O cuidar de quem cuida: traços da realidade dos protagonistas do Autismo

A manutenção do cuidado de quem cuida. Uma dedicação e um pedido de atenção aos pais. 

Neste mês de Abril, em referência ao Autismo, nada mais justo do que a dedicação em falar sobre aqueles que tanto se dedicam e assumem a linha de frente desta realidade. Em outras palavras, se trata de um momento especial para retratar a relação de cuidado daqueles que cuidam, os pais

Em explicações gerais, o transtorno do espectro autista, conhecido como TEA, caracteriza-se pelo comprometimento das habilidades sociais, comunicativas e comportamentais, impactando no desenvolvimento infantil, interferindo na prática das atividades diárias e nas relações sociais. Por ora, segundo MAIA et al. (2016), o TEA ainda é pouco conhecido e o seu tratamento é um processo lento.  

Mas tratando-se dos bastidores ao redor das crianças autistas, os familiares se configuram como protagonistas no desenrolar das histórias de seus filhos, desde a gestação até mesmo da descoberta do diagnóstico adiante. E considerando que estes mesmos pais também possuem suas próprias histórias construídas antes mesmo da geração de seus filhos, é propício se aproximar do impacto, das consequências e mudanças geradas entre o desenrolar de uma situação à outra. 

É possível considerar que antes dos pais vivenciarem a dinâmica familiar e de cuidado aos filhos, eles se caracterizavam como indivíduos que seguiam com suas próprias vidas, cultivando os próprios interesses, valores e necessidades pertinentes aos seus contextos sociais, profissionais, afetivos e de qualquer outro aspecto que se enquadra/ enquadravam em suas rotinas. 

Porém, a chegada de um filho, especificamente de uma criança autista, acarreta na necessidade, quase com teor de imposição e/ou aparente única saída, em abrir mão de pedaços pertinentes a sua própria história. A exemplo, SILVA et at. (2018), menciona sobre as renúncias do próprio trabalho e do convívio social que as mães assumem. A condição de renúncia dos pais de modo geral e das mães especificamente, considerando o contexto familiar do Brasil, manifesta grandes mudanças em suas rotinas, em suas prioridades, em suas relações e principalmente no gesto do cuidar de si e dos demais aspectos lhes importam, além do filho. 

Neste processo entre o parto, a descoberta do diagnóstico e as vivências cotidianas com a criança autista, propiciam aos pais o constante confronto com o desconhecido, e a frequente necessidade em adaptar-se e mudar-se conforme as limitações do contexto em geral, desde as características de seus filhos até mesmo das questões financeiras, estruturais, relacionais e do repertório de informações. 

O confronto com o desconhecido, com as limitações e a frequente necessidade perante o adaptar-se, tende a gerar nos pais possíveis manifestações de frustração, raiva, tristeza e até mesmo de medo, ao questionar-se sobre as perspectivas futuras tanto deles quanto de seus filhos. Como também os pais estão sujeitos a vivenciar a condição de sobrecarga, desgaste emocional, cansaço mental e físico, desesperança e por fim, até mesmo a solidão e o desamparo, advindos de possível isolamento social. 

Ao considerar brevemente o cenário citado acima, é necessário ressaltar a importância e a necessidade do cuidado em relação aos próprios pais. A relação de cuidado é algo subjetivo, que implica aspectos individuais de cada um. Mas de modo geral, alguns pontos em comuns podem ser compartilhados entre os pais que são protagonistas de histórias permeadas pelo enredo do autismo.

Modos de cuidado aos pais

  • manter-se em uma rede de apoio, como: terapia em grupo ou grupos de apoio, em geral.  

O acolhimento se faz necessário, a fim de minimizar manifestações de angústia e o sentimento de desamparo, por exemplo. 

  • vincular-se ao processo de psicoterapia.  

O autoconhecer, desenvolver a inteligência emocional, e fortalecer a autoestima, a autoconfiança e o gesto de autocuidado geram grandes diferenciais. Tais aspectos fortalecem a condição de segurança e confiança perante as escolhas diárias e os relacionamentos.

É importante potencializar a esperança e a melhor aderência aos tratamentos sugeridos pelas equipes de saúde e dos estudos de profissionais da área.

  • aproximar-se de conteúdos de pessoas que compartilham da mesma experiência. A exemplo de vídeos, textos, posts nas redes sociais e até artigos científicos.  

Identificar a própria história através da história do outro é um importante recurso acolhedor, de alívio e fortalecimento emocional.

  • manter o convívio familiar e social.  

Aproximar as pessoas à sua realidade tende a ser uma construção, que gera reorganização e adaptação. Porém contar com as pessoas ao seu redor, tende a minimizar os impactos advindos do isolamento social, tal como o sentimento de rejeição.

  • organização em relação aos compromissos diários e o tempo.  

Seja quem for, a organização das atividades diárias tende a ser um recurso para minimizar estados ansiosos 

  • praticar exercícios físicos, manter o cuidado com a alimentação e a prática de hobbies, são importantes recursos para manutenção do bem-estar e a saúde.  

  • em relação ao cuidado com o filho, é importante manter práticas que o ajude a fortalecer a independência e o cultivo do contexto social, apesar das dificuldades.  

É importante sinalizar que manter o filho envolvido em suas terapias e em atividades grupais, são oportunidades para desenvolver a independência e as habilidades sociais.

Reflexões finais

O autismo não tende a ser uma realidade apenas das crianças e dos pais que convivem com ela, mas de todos. A condição de sobrecarga mental e emocional, de descuido de e de isolamento social, neste caso, possivelmente também reflete a desinformação, o possível “pre conceito” e a dificuldade em recepcionar aquilo que se difere do aparente e do enganoso “normal”

Em termos gerais, é notário o quão se faz necessário o amparo social e profissional aqueles que cuidam. O cuidado que os pais geram a si mesmo ou até falta deles, é também um compromisso da sociedade. E este compromisso implica a construção e o compartilhamento de informações pertinentes ao repertório do mundo do Autismo. Informações essas que não cabem somente às características do diagnóstico, mas também sobre a realidade das crianças e de todos os seus bastidores, incluindo as mudanças e as necessidades vivenciadas por seus pais. E neste trabalho, em paralelo as informações, o gesto de respeito, compreensão, empatia e receptividade à esta realidade, também se faz extremamente necessário.

Normal é tratar bem, é cuidar! Normal é estar junto e respeitar! 

O Autismo pode ensinar e agregar. Ele é uma realidade minha e sua. Ele é azulzinho, como o céu e o mar, pra todos poderem olhar e se entregar. Você e eu, podemos cuidar. 

E só pra lembrar, a dedicação aqui é para os pais, os grandes protagonistas da parte azulzinha deste mundo tão colorido.   

Por Tayna Wasoncellos Damaceno.

Referências

MAIA, Fernanda Alves et al. Importância do acolhimento de pais que tiveram diagnóstico do transtorno do espectro do autismo de um filho. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro, v.24, n.2, p.228-234, Junho de 2016.

Disponível Aqui. Acesso em 14/04/2021. 

SILVA SED, Santos AL, Sousa YM, Cunha NMF, Costa JL, Araújo JS. A família, o cuidar e o desenvolvimento da criança autista. J Health Biol Sci., 6(3): 334-341, Julho-Setembro de 2018.

Disponível Aqui. Acesso em 14/04/2021. 

Sociedade dos Psicólogos – O que é Autismo? Sintomas e Tratamento.