Recentemente, participei de uma entrevista na TV Câmara de Bauru para falar sobre procrastinação e seu impacto no trabalho. No Brasil, a pesquisa pelo termo “procrastinação” teve uma alta de 90% nos últimos cinco anos, de acordo com o relatório de tendências do Google. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, procrastinação vai muito além de preguiça ou má administração do tempo e é isso que vamos conferir nesse artigo. 

Afinal, o que é procrastinação?

A palavra procrastinar vem do latim procrastinatusprocrastinare, e é traduzida como “à frente de amanhã”.

 

Em resumo, procrastinação é o ato de adiar ou postergar intencionalmente uma tarefa que precisa ser realizada, optando por fazer outras atividades menos importantes ou simplesmente não fazer nada. 

 

Todo mundo procrastina em certa medida, seja por preguiça, cansaço ou porque existe outra tarefa mais interessante para ser feita. Mas, quando isso vira um hábito, pode afetar seriamente nossa vida e trabalho. E quando isso acontece com recorrência, chamamos de procrastinação crônica, um padrão constante de adiamento, que pode prejudicar seu desempenho no trabalho e gerar estresse, culpa e até problemas de saúde. 

 

Segundo estudos, cerca de 20% da população os adultos no mundo são afetados por este problema. No Brasil, isso representa quase 20 milhões de pessoas. 

Como a procrastinação se manifesta no dia a dia do trabalho? 

A procrastinação pode surgir de diferentes motivos, como falta de motivação, medo do fracasso, perfeccionismo, falta de organização, falta de habilidades de gerenciamento de tempo e entre outros. Muitas vezes, um procrastinador pode ser alguém bastante produtivo, que se concentra em tarefas específicas, mas adia outras. Não é uma característica exclusiva das pessoas desorganizadas. Ela pode se manifestar de diferentes formas no trabalho, como, por exemplo:  

 

  • Adiamento de tarefas importantes, como deixar para última hora aquele relatório ou entrega importante.  

  • Substituição de tarefas: Fazer uma tarefa menos importante e que talvez aguegue pouco valor, em vez de focar no projeto principal. 

  • Paralisia por análise: Despender tempo em demasia no planejamento de um projeto sem conseguir de fato executá-lo. 

  • Distrações: Passar mais tempo em redes sociais do que deveria e não conseguir cumprir as metas do dia a dia.  

Por que procrastinamos? 

O córtex pré-frontal é a parte do cérebro responsável pelo planejamento e organização. É nele que nossos planos de longo prazo são criados. Já o sistema límbico, por outro lado, está ligado à busca por prazeres imediatos. Muitas vezes, o sistema límbico domina o córtex pré-frontal, fazendo com que realizemos tarefas rápidas que nos dão satisfação imediata e adiemos aquelas que exigem mais tempo e esforço. Portanto, compreender a dinâmica dessas duas partes do cérebro pode ser fundamental para entender e lidar com a procrastinação. 

 

Sob a ótica do comportamento e sua consequência, podemos citar algumas das causas mais comuns:  

  • Evitar desconforto: Preferimos tarefas agradáveis às difíceis. 

  • Medo do fracasso: Adiar algo para evitar o risco de falhar.  

  • Perfeccionismo: O desejo por executar tudo da maneira mais perfeito acaba adiando o início da tarefa. 

  • Falta de habilidades de gerenciamento de tempo: Pouco repertório e conhecimento sobre como organizar nosso tempo de forma eficaz. 

E quais são as consequências da procrastinação e como lidar com elas?

Procrastinar pode gerar estresse, perda de prazos e baixa qualidade no trabalho. Isso pode trazer consequências de algumas formas, como, por exemplo, afetar sua reputação, oportunidades de crescimento e até sua saúde mental. No ambiente de trabalho, pode causar mal-estar com colegas e perda de confiança com equipes, pares e até mesmo a liderança. 

Algumas dicas práticas para lidar com essa situação são: 

  • Observe seu comportamento: Identificar qual é o problema, quando ele acontece e quais são as consequências é o primeiro passo para a mudança. Por isso, volte a atenção para você e busque entender quando esse tipo de comportamento acontece. 

  • Definir metas de carreira claras: Estabelecer objetivos específicos e alcançáveis para o seu dia pode te guiar e te apoiar na execução das suas metas. 

  • Criar um plano de ação: Tente dividir grandes objetivos em tarefas menores e gerenciáveis. Assim, você terá mais detalhes sobre como está seu progresso e onde precisa de maior atenção.  

  • Desenvolver habilidades de gerenciamento de tempo: Busque conhecer técnicas como, por exemplo, a Pomodoro. Ela pode te apoiar a fazer escolher sobre como priorizar seu tempo e melhorar sua eficiência. 

  • Apoiar emocionalmente: Busque suporte psicológico para enfrentar medos e inseguranças que podem estar associados a este comportamento. 

  • Acompanhar o progresso: Monitore seu desenvolvimento, peça feedback e ajuda e ajuste o plano, conforme necessário, para garantir que você esteja no caminho certo. 

 
Além disso, desde a pandemia da COVID-19, muitas empresas têm investido em programas de bem-estar que podem apoiar seus funcionários em temáticas como essa. Você pode conferir mais informações em nosso artigo “Preocupados com o bem-estar de seus funcionários, empresas investem em programas de bem-estar. Mas, o que esperar deles?”
A procrastinação é um fator que, apesar de comum em nosso dia a dia, pode atrapalhar tanto sua vida profissional quanto pessoal. Adotar essas estratégias pode ajudar a lidar com ela, melhorar seu desempenho e alcançar um melhor equilíbrio entre os diferentes âmbitos de nossas vidas. 
 

Por Bruna Passarelli 

Referências Bibliográficas


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