Durante o contexto de pandemia, o uso das redes socais se apresentou como um recurso de enfrentamento perante o isolamento social. Cada um vivenciou suas novas descobertas, suas próprias dificuldades e até mesmo sua condição de (im) produtividade. Mas o feed de realizações não foi igual para todos. E tampouco a autoestima. Podemos dizer que umas se fortaleceram e outras se subestimaram em meio as comparações, ao visualizar postagens nas redes sociais.
O vírus se espalhou, o mundo parou e o uso das redes sociais se elevou.
No Brasil, especialmente em meados de Fevereiro deste ano de 2020, ele se encontrou imerso no contexto de pandemia. E como medida de prevenção para evitar a propagação do COVID-19, a quarentena se instaurou nos estados do país.
A vivência de isolamento social acarretou uma nova dinâmica relacional entre as pessoas. Bem como, deu abertura às novas necessidades, preocupações, emoções e desafios. E neste ponto, no período inicial e até os dias atuais, cada um vivencia da forma que pode e de acordo com sua respectiva intensidade.
E como recurso para dar conta deste período de incertezas e instabilidades, o uso das redes sociais foi uma das formas de dar manutenção às relações, principalmente das pessoas mais distantes. Bem como de aprender algo novo, trabalhar, assistir aos eventos virtuais e até mesmo como um instrumento para compartilhar as emoções e as realizações.
O que foi possível notar que rolou nas redes sociais?
- ‘Challenges’ de pessoas sozinhas e de casais
- Tutorial de limpeza de pele e cuidados com o cabelo
- Improvisos nas cozinhas
- Práticas de atenção e respiração, como meditação e yoga
- Exercícios físicos
- Momentos no trabalho, produzindo algo
- Sessão de filme e série
- Apresentação de live
- Prática de hobby e ou/ novo aprendizado, como: desenho, escrita, instrumento musical e outros
- Muitas, muitas outras coisas…
Como um feed repleto como esse pode impactar as pessoas?
- Entreter
- Inspirar
- Ensinar
- Lembrar
- E por último, mas não menos importante: gerar cobranças e comparações, impactando diretamente na autoestima.
Uma pausa para uma breve definição: o que é autoestima?
Segundo o psicólogo Carl Rogers, a autoestima indica a forma como o indivíduo se percebe em relação a determinado aspecto e a importância que ele tem para si. Portanto, se refere a ligação entre a imagem de si mesmo (o que é) e o que se deseja (o que valoriza, ou seja, quer ser) enquanto indivíduo. Tal relação pode acarretar um aspecto de satisfação ou a uma condição de insuficiência. (RAFAEL, 2002)
Relação da autoestima x uso das redes sociais
O feed das redes sociais é um cardápio repleto de opções para se manter um estilo de vida. Nele será possível encontrar locais de lazer, relacionamentos estáveis e felizes, situações produtivas e de novos aprendizados, vivências de autocuidado físico e emocional, manifestações de gratidão e contentamento com a própria vida. Enfim, um repertório repleto de possibilidades condicionados ao aspecto da felicidade. E como tudo isso pode afetar as pessoas que não vivem da mesma situação com a respectiva frequência ou até mesmo naquele determinado momento da visualização?
Pode intensificar as seguintes manifestações:
- Insegurança
- Frustração
- Tristeza
- Culpa
- Impotência
- Desamparo
- Angústia
Além, claro, de possibilitar a piora em estados depressivos e ansiosos, em função dos impactos da baixa autoestima.
Como cuidar da autoestima ao usar as redes sociais, durante o período de isolamento social?
- Evitar o uso excessivo
- Perceber o que pensa e sente ao visualizar determinada postagem que lhe chame a atenção
- Mantenha páginas e perfis que agreguem valor ao estado emocional
- Considerar que a respectiva postagem é apenas uma pequena parcela do que a pessoa vive
- Lembrar que as redes sociais são propícias para compartilhar os melhores aspectos dos indivíduos. Logo, será natural encontrar um feed repleto de pessoas com características felizes e de sucesso
- Refletir sobre a realidade que cada um tem, ou seja: suas próprias escolhas, renúncias, prioridades, dificuldades e o seu próprio tempo
- Contextualizar as características presentes em todos os indivíduos. E sobre isso, confira mais abaixo.
Ao evitar comparações, a autoestima agradece
Neste último tópico acima, é importante ressaltar que todos os indivíduos vivenciam os próprios altos e baixos, os momentos de contentamento e também de frustração. E claro, não pode se esquecer que todos passam por suas próprias inseguranças, preocupações e dificuldades. Os altos e baixos são para todos, e como dito acima, nas redes sociais se compartilha a visão ‘mais alta do morro’. E isso não necessariamente reflete o quão felizes ou melhores que você as pessoas estão. A postagem é apenas um retrato de um álbum cheio de figuras das mais diversas paisagens na vida de uma pessoa.
Se relacionar com os outros através de visualizações, curtidas e compartilhamentos é um ótimo recurso para fortalecer relações, para aprender coisas novas, para se inspirar, para impactar, refletir e repensar sobre a própria vida. Mas se recuse a usá-lo para se cobrar, se culpar e se inferiorizar. Ao se deparar com estes tipos de manifestações, se mantenha off e olhe pra si. Se conheça e reconheça em você suas potencialidades e dificuldades, o que pensa de si e o que realmente gostaria e precisa ser. Considere preferencialmente aquilo te faz sentido. E claro, aquilo que está ao seu alcance no seu respectivo tempo.
Caso precise de ajuda para se autoconhecer e fortalecer a sua autoestima, aqui na Sociedade dos Psicólogos, também há um feed repleto de profissionais dispostos a te auxiliar, assim como eu.
Referências
AGRELA, Lucas. Como válvula de escape na quarentena, redes sociais crescem no mundo. – Disponível aqui
RAFAEL, M. G. A relação de ajuda e a ação social: uma abordagem rogeriana. – Disponível aqui
SCARTEZINI, Luma Guirado; ROCHA, Ana Carolina Raad e PIRES, Vanessa da Silva. A necessidade de autoestima em Carl Rogers. – Disponível aqui
1 comentário
Você precisa da APROVAÇÃO dos outros? - Lolla · 13 de agosto de 2021 às 07:01
[…] esse alguém que acabava de conhecer era novo. O problema é que essa atitude somada ao maior obstáculo para lidar com nossas inseguranças nos dias atuais – as redes so…foram minando a minha autenticidade, mas não só isso. Como a autenticidade para mim […]