As Drogas e a Exploração do Inconsciente nos Anos 60: Quem foi Timothy Leary

“Tune in, Turn On, Drop Out”

Timothy Leary foi um revolucionário na história da psicologia, um grande influenciador cultural e, apesar de passar, muitas vezes, sem citações, merece ter sua história e influência brevemente contadas.

(imagem retirada da internet)

Psicólogo Ph.D. pela Universidade da Califórnia, Berkeley e professor de Harvard entre 1959 e 1963, até ser expulso, Leary teve um papel fundamental para que os anos 60 tenham sido o que foram. Sabemos que os Anos 60, principalmente nos Estados Unidos, até estender-se a outros países, foram o palco de uma contracultura forte e ímpar que caracterizou uma época e uma geração de valores, regras e ideias próprios, praticamente antagônicos a aqueles produzidos pelo Estado. O tipo de música, roupa, trabalho, comportamento, vocabulário e relações pessoais, por exemplo, eram próprios e emergentes a esse grande grupo que crescia cada vez mais na contramão da sociedade. O uso de drogas, tabu até os dias de hoje, incomodou o governo norte-americano (que investiu milhões de dólares em uma guerra às drogas), as famílias conservadoras e foi emblema desta contracultura que buscou pregar a paz, o amor e o final das guerras. Mas o que Timothy Leary tem a ver com tudo isso?

O Dr. Leary é hoje conhecido como o Guru do LSD, mas ele já foi um respeitado psicólogo e professor. Após seu doutorado, começou uma série de pesquisas (Harvard Psilocybin Project / Marsh Chapel Experiment / Concord Prison Experiment) envolvendo a psilocibina, um composto alucinógeno natural proveniente de mais de 200 espécies de cogumelos e caracterizado por ter efeitos psicodélicos semelhantes ao LSD, DMT e mescalina, por exemplo. A ilegalidade imposta da substância e as burocracias envolvendo voluntariado para suas investigações acabaram por interromper o projeto antes de seu final e culminaram na expulsão do Dr. Leary e de seu colega Richard Alpert. Foi o pontapé inicial para que eles se tornassem ícone das drogas psicodélicas.

Timothy Leary
(imagem retirada da internet)

A ligação de Leary com as drogas e a o movimento psicodélico marcaram e direcionaram sua trajetória profissional e de vida. Ele chegou a relatar, quando tomou seu primeiro LSD, que, durante as 5 ou 8 horas de efeito, ele pode entender e descobrir muito mais sobre a mente humana, do que em toda sua carreira por Harvard.

É um dos grandes nomes da chamada psicoterapia psicodélica, que faz referência ao envolvimento de substâncias psicodélicas na prática terapêutica, e foi um dos grandes divulgadores dos efeitos positivos do LSD, pois acreditava que este poderia auxiliar as pessoas a reprogramarem o próprio cérebro (ou mente) à própria vontade.

O aumento do consumo de LSD cresceu exponencialmente entre os jovens dos anos 60 e Richard Nixon, presidente dos EUA na época, chegou a chama-lo de “o homem mais perigoso da América”.

Rosemary Leary, Timothy Leary, Yoko Ono and John Lennon
(imagem retirada da internet. Rosemary Leary, Timothy Leary, Yoko Ono e John Lennon)

A exploração da mente ou a reprogramação do cérebro eram incentivadas com as substâncias psicodélicas, pois essas ajudariam na sensibilidade, cada uma com seu efeito, desta jornada ao mundo interior. Sua frase mais famosa é “Ligue-se, Sintonize-se, Caia fora” (“Tune in, Turn On, Drop Out”), onde “Ligue-se” estaria relacionado com o mergulhar no próprio inconsciente e no próprio corpo, “Sintonize-se”, com o entrar na sociedade tendo uma nova visão e buscando novos padrões de comportamento, e “Caia fora”, como o afastar-se das conexões artificiais e confiar nos próprios pensamentos e atos.

Timothy Leary morreu em 1996, aos 75 anos, em sua própria casa e com seus amigos. Sua cabeça foi retirada do corpo e congelada, a pedido próprio e suas cinzas foram liberadas no espaço com a ajuda de um satélite.

“Tune in, Turn On, Drop Out”

Por Caio Ferreira

Referências Consultadas:
https://psychology.fas.harvard.edu/people/timothy-leary

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