Como funcionam as emoções? Por que existem? São importantes? Para que? São inatas? Ou são aprendidas? São culturais? Ou são universais? O que as ativa? Qual sua influência? São influenciadas? …

Caio Ferreira - Psicologia das Emoções - EmocionautaEsses tipos de perguntas têm me guiado nos meus estudos, trabalhos e pesquisas recentes. Algumas já foram respondidas, mas outras levam a mais e mais perguntas, por uma busca emocional insaciável. Considero-me hoje, um emocionauta e o meu foguete é a emoção. Aprendi a amar as emoções e não trocaria as minhas por nada. Compartilho de Paul Ekman, quando ele afirma: “emotions determine our quality of lifes” (as emoções determinam a nossa qualidade de vida – tradução livre).

Mas então, para começarmos, o que é uma emoção? Podemos compreender esse conceito, como fora definido, de forma analítica, por Freitas-Magalhães, em 2011, na sua obra O Código de Ekman:

Apesar da dificuldade na definição de emoção enquanto conceito consensual, a literatura atesta, porém, o envolvimento dos processos neuronais, motores e experienciais. A emoção é uma resposta automática, intensa e rápida, inconsciente e/ou consciente, perante o perimundo, e um impulso neuronal que leva o organismo a produzir uma acção (p.36)

A partir disso, podemos levantar questões como:

– Por que elas existem?

– Qual a importância das emoções?/ (Há importância?)

– Esse fenômeno é partilhado por todo mundo ou há diferenças?

– Qual foi o caminho traçado para se chegar ao conhecimento que temos hoje sobre essa temática?

Entre outros questionamentos, mas é em especial sobre a última pergunta, que o texto de hoje vem responder, de forma breve.

Charles Darwin - The Expression of the emotions in man and animalsAo falar sobre a origem e os principais estudos sobre a psicologia das emoções, uma das literaturas obrigatórias é a obra de Charles Darwin intitulada “The Expression of the Emotions in Man and Animals”, datada de 1872, que abordou, de forma pioneira e a nível científico, ideias que são aceitas até os dias de hoje, sobre o funcionamento das emoções. Neste livro, Darwin propôs, e pautado também por evidências de sua teoria evolucionista, que as emoções seriam básicas e universais, ou seja, partilhadas entre os membros da mesma espécie, e que suas exibições faciais também seguiriam este princípio, pois acionariam os mesmos músculos faciais frente às mesmas reações.

Anos mais tarde, já no século XX, a antropóloga Margaret Mead levantou a questão e discordou de Dawrin, afirmando que as emoções não eram universais, mas sim um produto variável de uma respectiva sociedade e cultura para outra diferente.

Com a necessidade de confirmar qual dos dois teóricos estaria certo, o psicólogo Paul Ekman foi a campo e pesquisou em países distintos como Japão, Estados Unidos e Brasil, para além do trabalho com aborígenes isolados socialmente, como a tribo virgem dos Fore, da Papua Nova Guiné. Estes estudos, juntaram evidencias suficientes para encerrar a questão e validar as afirmações de Darwin, até porque o também psicólogo Caroll Izard realizou estudos paralelos, com a mesma finalidade, no mesmo período, e chegou às mesmas conclusões.

7 Emoções Básicas Universais - Expressão Facial da Emoção - Figura 1 - Freitas-Magalhães, A. & Ferreira, C. (2017). F-M FACS 2.0: Human Faces (F-MF2.0-HF). Porto: Facial Emotion Expression Lab.

Figura 1 – Fonte: Freitas-Magalhães, A. & Ferreira, C. (2017). F-M Basic Emotions FaceReader 7.0 (F-MBEFR7). Porto: Facial Emotion Expression Lab.

Paul Ekman catalogou 7 emoções básicas e universais, que correspondem a processos neuropsicofisiológicos específicos, capazes de acionar os mesmos músculos faciais em sujeitos de qualquer lugar do planeta. As 7 emoções básicas são: Alegria (Joy); Tristeza (Sadness); Medo (Fear); Raiva (Anger); Aversão (Disgust); Desprezo (Contempt); e Surpresa (Surprise). Sua pesquisa também apontou para variações culturais que dizem respeito às regras de exibição (display rules) e atuam como moderadoras da expressão facial da emoção, por exemplo, no modo como elas são exibidas e sustentadas no rosto, de forma socialmente aceita.

Sendo a face humana, um sistema de comunicação tão importante, e tendo a necessidade de estuda-la de forma adequada, foi desenvolvido um método de mensuração chamado Facial Action Coding System (FACS), cujo uso e domínio permite, entre outros exemplos: a identificação de patologias; a avaliação da dor; da motivação; o reconhecimento de uma emoção verdadeira; e a detecção das incongruências emocionais (mentiras); a percepção e antecipação à situações de violência etc… e dialoga com áreas da atuação e do conhecimento, como: clínica; educacional; organizacional; justiça; segurança; esportes etc…

A imagem abaixo mostra um display da expressão facial para cada emoção básica:

Figura 2 – Fonte: Ferreira, C. (2017). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.

Abaixo, imagem do “pai da psicanálise” codificada pelo F-MGB Lab, utilizando o FaceReader 7.0, software de reconhecimento automático e em tempo real da expressão facial. Esta análise faz parte de um estudo que está sendo realizado sobre o reconhecimento automático da expressão facial, das unidades de ação faciais e da respectiva correlação aos estados emocionais.

Figura 3 – Fonte: Ferreira, C. (2017). F-MGBLab Base de Dados FaceReader 7.0. São Paulo: F-M Group Brasil Lab.

Espero que tenta tido uma leitura emocional, se quiser aprender mais, inscreva-se já para o 3º Curso de Introdução à Expressão Facial da Emoção, que será realizado em São Paulo, dia 24/03/2017.

Link do evento: https://www.facebook.com/events/185040125567392/

Mais informações: contato@cicem.com.br
www.cicem.com.br

Curso de Lie to Me - Expressão Facial

REFERÊNCIAS CONSULTADAS:

Ekman, P. (2003) Emotions revealed: recognizing faces and feelings to improve communication and emotional life. New York: Times Books.

Darwin, C. (2009). A expressão das emoções no homem e nos animais. (L. S. L. Garcia, Trad.). São Paulo: Companhia das Letras. (Original publicado em 1872).

Ferreira, C. (2017). As Faces das Emoções Básicas (FEB). São Paulo: CICEM.

Ferreira, C. (2017). F-MGBLab Base de Dados FaceReader 7.0. São Paulo: F-M Group Brasil Lab.

Freitas-Magalhães, A. (2011). O código de Ekman: o cérebro, a face e a emoção. Porto, Portugal: FEELab Science Books.

Freitas-Magalhães, A. (2012). Facial expression of emotion. In. V. S. Ramachandran (Ed.), Encyclopedia of Human Behavior (Vol. 2, pp. 173-183). Oxford: Elsevier/Academic Press, 2012.

Freitas-Magalhães, A. & Ferreira, C. (2017). F-M Basic Emotions FaceReader 7.0 (F-MBEFR7). Porto: Facial Emotion Expression Lab.

 

Por Caio Ferreira


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