O terrorista à luz da psicanálise
(Imagem retirada da Internet)
17 anos se passaram desde aquele dia fatídico em que se caracterizou no ocidente a noção de terrorismo.
Nessa última semana a América relembrou o atentado mais marcante de sua história através do “9/11 Day”, espécie de dia solene em que são recordados os atentados.
Alguns atentados de cunho extremista oriental se seguiram desde então, mas nenhum com tamanha importância e que tenha afetado de tal maneira o status quo do mundo ocidental.
Já comentei sobre o tema da Guerra ao Terror neste outro texto.
A ideia aqui é discutir os aspectos de alguém que atira um avião sobre prédios comerciais (e civis), matando milhares de pessoas. Penso que conseguiremos apenas riscar a superfície da água.
O atentado
(Imagem retirada da Internet)
Em 11 de Setembro de 2001, o mundo conheceu o ataque terrorista mais importante, e marcante, de sua história. O ocorrido se deu em Nova Iorque, Washington DC e na Pensilvânia.
Quatro aviões foram sequestrados por terroristas, e caíram em diferentes locais. Dois atingiram as Torres Gêmeas em Nova Iorque (um atingiu a torre norte, e outro atingiu a torre sul), um atingiu o Pentágono, em Washington, e o último caiu em um campo, na Pensilvânia (Este último estava destinado à cair também no Pentágono, mas os tripulantes conseguiram subjugar os terroristas, e desviaram a rota do avião).
Aproximadamente três mil pessoas faleceram, e mais de seis mil foram feridas.
O grupo radical Al-Qaeda se colocou como responsável pelo atentado, e saudita Osama Bin Laden foi tido como principal planejador dos ataques.
Psicanálise e o terrorista
(Imagem retirada da Internet)
Quando falamos de fenômenos de grupo, como em parte penso que seja o caso do terrorismo extremista islâmico, é importante nos remetermos ao texto “Psicologia das Massas e Análise do Eu”, de Freud.
No texto, Freud discorre sobre características observadas por ele e outros estudiosos sobre a formação e manutenção de grupos de pessoas. Ele se refere à algumas características que aparecem nos indivíduos quando em grupo. A primeira é que o sujeito parece ser tomado por um sentimento de poder, que, estando sozinho, talvez não tivesse. A segunda é o contágio, isto é, algumas ações são imitadas pelos diferentes membros do grupo. E a terceira é a sugestionabilidade, o fato de que o sujeito é levado à realizar determinados atos de forma totalmente automática, sem refletir à respeito (Freud, 1921/1996).
O Supereu, como concebido por Freud parece se esvair em um grupo. Não há limites. Todos se remetem à um líder, um pai, um Deus.
O próprio indivíduo se apaga em um grupo. Há sempre uma causa maior. Nisso, claro, não se diferem terroristas e soldados americanos.
A diferença cultural gritante entre Ocidente e Oriente não é motivo suficiente para levar alguém, mas aliado à uma noção de violação de tradições pode se escalonar à motivação suficiente. Todo discurso de ódio é baseado em uma identificação inconsciente fortíssima. Algo assim: quando um indivíduo tem uma postura absolutamente contrária e agressiva a um grupo identificado pela sua orientação sexual, em geral, no fundo ele é alguém profundamente identificado com aquela orientação.
O que quero dizer com isso? Quando um árabe diz que o Ocidente viola os modos sagrados de viver, ele aponta também que tem um desejo por aquela posição, por mudar, inovar, quebrar com a tradição.
(Sociedade dos Psicólogos, 2017)
O artigo de Joe Quinn (https://www.nytimes.com/2018/09/10/opinion/911-lessons-veteran.html), um veterano do exército americano no New York Times dessa semana explicita o sentimento de muitos americanos.
Nele, o ex-soldado comenta como se alistou no exército para vingar a morte do irmão, que estava na torre norte do World Trade Center.
Em sua teoria, o plano lógico de Osama Bin Laden, era fazer os EUA entrar em uma guerra que, à longo prazo, faliria o país.
Já no início do texto Quinn aponta como a única pessoa que queria matar, já havia morrido, 17 anos antes. O próprio terrorista que assumiu o controle de um dos aviões.
É justamente disso que se trata a análise. Perceber como caçamos os fantasmas de nossos passado. Até mesmo do passado de outros que vieram antes de nós.
Até a próxima.
Por Igor Banin
A nível de recomendação, fica o comentário do meu xará Igor Gielow, no Café Filosófico. Segue o link:
Referências Bibliográficas
Freud, S. (1921/1996). Psicologia de Grupo e Análise do Ego. In Além do Princípio do Prazer, Psicologia de Grupo e outros trabalhos. (pp. 79-156 Obras completas de Sigmund Freud, v.18). Rio de Janeiro: Imago.
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