O autoconhecimento é uma jornada essencial para o desenvolvimento pessoal e a compreensão de si mesmo. Friedrich Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, enfatizou a importância de explorar as profundezas do próprio ser, desafiando as convenções e buscando a verdadeira essência do indivíduo. Em suas obras, Nietzsche destaca a superação dos próprios limites e a busca pelo que ele chama de “super-homem”, uma figura que transcende as limitações humanas e atinge um estado de pleno potencial.

O filme “Viagem de Chihiro“, dirigido por Hayao Miyazaki, é uma obra-prima da animação que ilustra perfeitamente a jornada do autoconhecimento. A protagonista, Chihiro, começa a história como uma menina insegura e dependente, mas através de uma série de desafios em um mundo mágico e muitas vezes assustador, ela descobre sua própria força e capacidade de adaptação.

A essência de Chihiro é desafiada, ela ao longo da história, é distraída com a rotina, com as tarefas, com o mundo cheio de detalhes a sua volta, com as diversas relações, e por um momento perde o seu objetivo principal, encontrar seus pais e voltar para sua vida, a personagem chega a perder o próprio nome, e todo este contexto reflete bem a famosa reflexão atribuída a  Nietzsche “Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir.”, sempre haverá caminhos, detalhes e alternativas para te distrair de si mesmo e de seu desenvolvimento.

Em um momento crucial do filme, Chihiro diz: “Você não pode se esconder do que você realmente é.” Essa afirmação ecoa a filosofia de Nietzsche, que nos encoraja a confrontar nossa verdadeira natureza sem máscaras ou disfarces. Para Nietzsche, o reconhecimento e a aceitação de quem realmente somos são passos essenciais para alcançar o autoconhecimento e a autossuperação. Ele acreditava que apenas ao enfrentar e abraçar nossas verdades internas, podemos começar a transformar nossas vidas de maneira significativa.

Reuni aqui algumas ideias que podem ajudar a colocar em prática as reflexões de Nietzsche e Chihiro:

1. Abraçar as Dificuldades como Oportunidades:

   Nietzsche afirmou: “O que não nos mata nos torna mais fortes.” Encare os desafios e as dificuldades como oportunidades de crescimento. No filme, cada obstáculo enfrentado por Chihiro é uma chance de se fortalecer e aprender algo novo sobre si mesma.

2. Reflexão e Autorreflexão:

   Reserve um tempo para refletir sobre suas ações, pensamentos e sentimentos. Pergunte a si mesmo: “Quem sou eu?” e “O que realmente importa para mim?”. Chihiro aprende a se entender melhor através de suas experiências e encontros no mundo espiritual.

3. Autenticidade:

   A fala de Chihiro, “Você não pode se esconder do que você realmente é,” destaca a importância de ser autêntico. Nietzsche também valoriza a autenticidade, afirmando que devemos viver de acordo com nossos valores e não conforme as expectativas dos outros.

4. Autoaceitação:

   Nietzsche dizia: “Torne-se quem você é.” Aceite-se completamente, com todas as suas qualidades e imperfeições. No filme, Chihiro só consegue superar os desafios quando aceita quem ela realmente é e se permite crescer a partir dessa aceitação.

5. Amor Fati:

   Abrace seu destino, assim como Nietzsche propõe com o conceito de “amor fati”. Veja sua vida, com todas as suas vicissitudes, como uma parte essencial do seu desenvolvimento. Chihiro aprende a aceitar seu novo mundo e a navegar por ele com coragem e determinação.

Para muitas pessoas, a jornada de autoconhecimento pode ser facilitada com o apoio de um psicoterapeuta. A psicoterapia oferece um espaço seguro e estruturado para explorar e entender nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. Um terapeuta pode ajudar a identificar padrões inconscientes, enfrentar traumas e desenvolver estratégias para lidar com desafios, promovendo um crescimento mais profundo e autêntico. Assim como Chihiro recebe ajuda dos amigos que encontra ao longo de sua jornada, a psicoterapia pode fornecer o suporte necessário para enfrentar nossas próprias “viagens” interiores.

Ao aplicar essas práticas em sua vida e considerar o apoio da psicoterapia, você pode iniciar uma jornada de autoconhecimento que, embora desafiadora, levará ao crescimento pessoal e a uma compreensão mais profunda de si mesmo. Lembre-se, como Nietzsche e Chihiro nos ensinam, enfrentar a verdade sobre quem somos é o primeiro passo para nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos.

Referências

– Nietzsche, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. (1883–1891).

– Nietzsche, Friedrich. Além do Bem e do Mal. (1886).

– Miyazaki, Hayao. Viagem de Chihiro. (2001).

Atenciosamente,

Psi. Patrício Lauro

CRP 18/03237


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