O envelhecimento é um processo relativamente novo, pois a população atingiu uma idade mais avançada desde a década de 1960 e a expectativa de vida começou a aumentar devido a melhorias na saúde, educação e questões econômicas e progresso no envelhecimento da população.

Nos últimos anos, assistimos a um aumento do número de idosos no mundo, e espera-se um crescimento ainda maior nos próximos anos. De acordo com o censo de 2000, a população idosa no Brasil era de 14,5 milhões, ou 8,6% da população total, e o número de pessoas com 60 anos ou mais deve chegar a 30,9 milhões em 2020. Além disso, vale destacar que o número de pessoas com 80 anos ou mais vem aumentando nessa população idosa brasileira, alterando assim a composição etária da própria população idosa. Em 2000, 55% da população idosa era do sexo feminino devido a óbitos masculinos.

A sociedade atual, baseada em pressupostos capitalistas, caracteriza as pessoas por seu “valor”, e este é definido a partir da sua capacidade de produção e consumo dentro do mercado. Quando falamos em idosos, estamos entrando no âmbito de um público não acostumado ao estilo de vida de “gastos desenfreados” como os atuais e ainda pessoas que tem sua capacidade de trabalho e produção comprometidos ou nulos, por suas limitações naturais, tanto físicas quando psíquicas o que leva as pessoas de idades mais elevadas ao simbólico da periferia, estes são deixados de lado por serem um peso ao resto da sociedade. A cultura atual privilegia indivíduos eficazes e produtivos, ou seja, as pessoas valem enquanto podem de alguma forma tirar proveito delas, enquanto rendem. A autora ainda expõe que o modo de vida limitado, mais lento e às vezes desajeitado das pessoas mais velhas, provocam muitas vezes comportamentos de rejeição e até agressão pelos mais velhos. Como isso fica dentro das famílias?

A família é o grupo primordial na humanidade, no sentido de que é o principal e primeiro grupo a se formar, para caracterizar-se grupo, um agrupamento de pessoas de dividir também objetivos e laços afetivos, e dentro disso, a família se desenvolve como grupo de proteção e sobrevivência, com cada grupo protegendo e ajudando os seus durante o processo evolutivo humano.

Dentro do âmbito familiar, existem mudanças de impacto na vida do idoso, a principio já temos a mudança de posição de chefia ou poder, ou seja, deixam de decidir e até opinar nas decisões da casa e dos filhos, levanto até a uma inversão de papeis, em caso onde o idoso se torna dependente de forma física e emocional dos filhos.

Em famílias harmoniosas, não apenas o idoso, mas todos os envolvidos encontram um ambiente de crescimento pessoal muito rico, tendo espaço e acolhimento para todos, mas existem também o modelo familiar onde os conflitos são constantes, e a falta de respeito e limites podem levar idosos ao isolamento social, e ao medo constante de errar ou de punições.

Todavia dentro deste contexto familiar e cultural da atualidade que construímos até aqui, as mudanças no estila de vida urbano familiar, podem levar o idoso a uma exposição a grandes riscos, em ambientes pequenos, não adaptados, as quedas e os muitos casos de violência, criando a necessidade da constituição de espaços especializados para este público, atendendo suas diversas necessidades físicas e psíquicas, entretanto Mazza (2005) aponta que estudos compreendem que o idoso ainda necessita do amor familiar, desta forma é necessário, que mesmo que o indivíduo longevo saia do seio familiar, ainda manter um contato satisfatório e vitalício para a manutenção da saúde biopsicossocial do sujeito.

A presença de um idoso com limitações físicas no seio familiar não vem sem crises, pelas grandes mudanças que este fato vai trazer ao ritmo da família, e também altera a compreensão de mundo dos mesmos, colocando sob novas perspectivas padrões, mitos e crenças familiares. A autora ainda compreende a partir disso a necessidade de novos estudos que visem a relação idoso e família, que compreendam os modelos familiares e venham de auxílio a estes grupos quando entrarem nestes momentos de mudanças e crises.

Tendo em vista toda a questão econômica, social, cultural e biológica que envolve o idoso, conclui que dentro da realidade brasileira, a família ainda é o grande receptor do idoso, é a instituição social que acolhe e deve se responsabilizar de diversas formas por este indivíduo, todavia muitos não estão preparados para isso, públicas como o programa de saúde da família devem trabalhar em nível de atenção primária a saúde do idoso, preparando familiares para lidar com estas situações, como forma de prevenções de agravos a saúde do idoso.

É de suma importância compreender que relação família e idoso, onde a família como grupo primordial, entra como ponto de apoio em todas as questões de saúde, todavia é notório que a população em geral ainda carece de diversas informações e preparação para lidar com as necessidades do indivíduo longevo e compreender o que é ser idoso para possibilitar relações mais saudáveis, garantindo qualidade de vida para o idoso e para o meio familiar.

Atenciosamente, Psi. Patrício Lauro

Referências

CALDAS, Cecília Pereira. Envelhecimento com dependência: Responsabilidades e demandas familiares. 2003.

CREUTZBERG, Marion e outros. A Comunicação entre a família e a instituição de longa permanência para idosos. 2007.

GRIFFA, Maria Cristina, MORENO, José Eduardo. Chaves para a Psicologia do Desenvolvimento, tomo 2: adolescência, vida adulta, velhice. 8 ed. São Paulo – Paulinas. 2011.

MAZZA, Márcia Maria Porto R. e outros. Cuidar em família: Análise da representação social da relação do cuidador familiar com o idoso. 2005.

MENDES, Márcia Barbosa, e outros. A Situação Social do Idoso no Brasil: uma breve consideração. 2005.

PAPALIA, Diane E. Desenvolvimento Humano. 12 ed. Porto Alegre. Artmed. 2013.

SILVEIRA, Terezinha Mello da e outros. Cuidando de idosos altamente dependentes na comunidade: um estudo sobre cuidadores familiares principais. 2006.


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