No mês de setembro, os laços amarelos invadem as redes sociais e os meios de comunicação. Esta é uma homenagem ao Mike de 17 anos que morreu por suicídio em 1994. Em seu funeral foi distribuído por amigos e familiares um cartão com um laço amarelo e mensagem apoio para aqueles que estivessem em sofrimento.

Em vez de citar estatísticas de suicídio no Brasil e no Mundo (mesmo porque meu colega Caio Cesar Rodrigues de Araújo parceiro deste site vez isto brilhantemente no texto Por Que Não Devemos Falar sobre Suicídio?) ou fazer uma sopa de letrinhas com palavras rebuscadas, vou aproveitar este espaço para fazer a mesma coisa, vou entregar nesta publicação o meu cartão  com uma mensagem de como podemos ajudar pessoas que estão em sofrimento.

Todos nós seres humanos temos um mundo dentro de si. Experimentamos a vida de uma forma única e particular. Ao mesmo tempo, vivemos neste mundo pós-moderno digital, em constante mudança, no qual precisamos fazer muitas tarefas ao mesmo. Enquanto isto tudo acontece, dentro de nós, pode existir uma tempestade de pensamentos e um tsunami de emoções, que geram sentimentos e sensações físicas.

Como não sabermos o que se passa na mente uns do outros, ficamos sem entender certas atitudes e comportamentos das pessoas. Por isto, seguindo as orientações da OMS, MS e do Manual de Comunicação Consciente, destaco quatro dicas que podem ser úteis quando perceber que alguém está em risco de suicídio.

1º Dica: Ouvir

A Psicologa Karina O. Fukumitsu, autora do livro “A Vida não é do Jeito que a gente Quer”, afirma que não há uma única causa, mas “são várias situações que faz com que a pessoa vá se definhando na vida” e isto ela chama de processo de morrência. Como este tipo de processo não escolhe cor, raça, crença religiosa, idade, sexo e condição social, a recomendação é ouvir a pessoa sem julgamento, com a mente aberta e no local apropriado para que a pessoa se sentir segura. Lembre-se que quem pede ajuda, tem o direito de ser respeitado, levado a sério e ter seu sofrimento em consideração. Caso você não se sinta preparado, tudo bem, oriente a entrar em contato com CVV no 188 e explique que neste telefone há uma equipe de pessoas capacitadas que estão dispostas a dar apoio emocional e de forma sigilosa.

2º Dica: Acompanhar

Não é porque você não sabe o que dizer ou fazer, que sua presença é dispensável. Doe seu tempo e mantenha contato. Se você quer ajudar verdadeiramente seu presente será sua presença.

3º Dica: Buscar ajuda profissional

De onde eu estou, posso ouvir frases como: “não preciso de um médico de cabeça” e o clássico “psicólogo é médico de louco”. Se um osso foi quebrado, levamos a pessoa no Pronto Socorro e solicitamos o médico ortopedista. Se o celular parar de funcionar, imediatamente procuramos uma assistência técnica. Se o carro apresenta problema, na sua agenda tem o contato do mecânico, do funileiro e borracheiro. Por que quando a dificuldade está dentro da mente tem que ser diferente? Nas pessoas em dor e sofrimento, o turbilhão de pensamentos e tsunami de emoções seria equivalente a óculos de lentes embaçadas e visão turva: o mundo fica parecendo um reality show de sobrevivência na selva. Portanto, oriente a pessoa que contate um profissional especializado de saúde mental, seja psicólogo ou psiquiatra, que indicará o tratamento adequado de acordo com a necessidade. Se você tiver disponibilidade, lembre-se da 2º dica e se ofereça para ser acompanhante na consulta.

4º  Dica: Proteção

Segurança é uma necessidade básica da vida e sempre estamos buscando nos proteger. Pessoas que estão em dor e sofrimento precisam de proteção, inclusive delas mesmas. Prevenção é estar atendo e diminuir quais quer tipo de riscos que possam estar no ambiente.

Finalizo está mensagem com a frase do psicólogo Shneidman, um dos maiores especialista neste assunto: ‘O suicídio é um ato definitivo para um problema que tende a ser temporário.’ Se é temporário, é porque precisa de mais tempo para ser entendido e superado. Quando uma vida se apaga o tempo para, e isto ocorre para quem vai e para quem fica. Enquanto há vida há esperança. Por isto é importante que possamos fazer com que as pessoas se permitam ter tempo para enfrentar sua dor e seu sofrimento, não importando qual seja.

Psicóloga Masilvia Diniz

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Serviço de utilidade pública: Onde buscar ajuda para prevenir o suicídio?

CAPS e UBS – Unidades Básicas de Saúde – Postos e Centros de Saúde UPA 24H / SAMU 192 e Pronto Socorro e Hospitais CVV – Centro de Valorização da Vida – 188 (Ligação Gratuita)

Referências consultadas

http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio

https://www.karinafukumitsu.com.br


1 comentário

Psicologia Antirracista vs Racismo no Consultório – O Sofrimento Psíquico Gerado pelo Racismo | Sociedade dos Psicólogos · 16 de junho de 2022 às 07:08

[…] tristeza, trauma e autopreservação a agressões diárias; não falamos de fobia social, falamos prevenção à vida; não se trata de transtorno do pânico, se trata da percepção de um perigo real. Não é um […]

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