7 Livros Para Estudar Psicologia

O post de hoje visa recomendar algumas das principais referências de bibliografia para quem busca estudar psicologia e não sabe por onde começar.

Uma vez que falamos também de escolas, movimentos ou linhas psicológicas – que possuem teorias e implicações distintas entre si – o seguinte texto apresenta, pelo menos, uma referência que contemple cada movimento.

Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia

Psicologias Ana Bock
(Tiragem atual – Editora Saraiva, 14ª Edição)

Este é um livro que muito inspirou a Sociedade dos Psicólogos na organização dos nossos cursos e publicações, pois deixa claro, desde o título, que o “saber psicológico” é resultado de muitas “psis” – conhecimento e postura ética que buscamos difundir.

Apresenta as visões históricas, teóricas e práticas relacionadas aos movimentos psicológicos, isto é, suas formas de compreensão da psicologia, desde o conceito desta, até seu objeto de estudo, compreensão e atuação sobre este. A nível de exemplo, a psicanálise se debruça sobre o inconsciente e as características psicodinâmicas da psique, enquanto o behaviorismo se debruça sobre o comportamento e as contingências do ambiente que são relacionadas à esse.

PSICOLOGIAS é uma introdução ao estudo da Psicologia, que é apresentada em seus vários aspectos: sua história, as abordagens teóricas, os temas básicos, as áreas de conhecimento, as principais características da profissão, os temas cotidianos (vistos sob a ótica da Psicologia). Enfim, desde a primeira edição, sempre tivemos a certeza de que ensinar a diversidade do universo da Psicologia é a melhor forma de iniciar o aprendizado dessa ciência. Daí o título escolhido: PSICOLOGIAS.

(Bock, A. M. B.; Furtado, O. & Teixeira, M. L. T., 2001, p. 5)

O livro é uma das grandes referências para quem começa a estudar psicologia, estando entre os principais livros de bibliografia obrigatória nos primeiros semestres dos cursos de psicologia. Foi escrito por Ana Mercês Bahia Bock, Odair Furtado e Maria de Lourdes Trassi Teixeira.

História da Psicologia Moderna

(Cengage do Brasil, 10ª Edição)

Esse é outro livro muito utilizado nos primeiros semestres da psicologia. Foi escrito por Duane P. Schultz e Sydney Ellen Schultz.

Embora o livro esteja organizado em termos das escolas de pensamento —
as diferentes definições que marcam a evolução da psicologia — , reconhecemos que essas idéias e abordagens são obra de estudiosos, pesquisadores e sistematizadores. Afinal, são seres humanos, e não forças abstratas, que escrevem os artigos, fazem as pesquisas, apresentam comunicações de pesquisa e ensinam a próxima geração de psicólogos. Fazendo isso, esses homens e mulheres desenvolveram e promoveram as escolas de pensamento da psicologia. Desse modo, discutimos a vida das eminentes personalidades que moldaram o campo,
chamando a atenção para o fato de o seu trabalho ter sido influenciado não só pela época em que floresceu como também pelo contexto de suas próprias experiências pessoais.
(Schultz, D. P. & Schultz, S. E., 2014, p. 4)

A publicação percorre dados biográficos e teóricos fundamentais para a compreensão do desenvolvimento das ciências psicológicas e apresenta também uma série de contribuições resultantes de investigações sobre a psicologia pré-Wundt.

Desenvolvimento Humano

(Artmed, 12ª Edição)

Livro ilustrado e repleto de referências científicas que abordam o desenvolvimento humano desde a concepção, passando pelas fases da infância, a adolescência, idade adulta, terceira idade, fim da vida e separando desenvolvimento físico, cognitivo e psicossocial.

A medida que o campo do desenvolvimento humano tornou-se uma disciplina científica, seus objetivos evoluíram para incluir a descrição, explicação, predição e modificação do comportamento. Descrição é uma tentativa de retratar o comportamento com precisão. Explicação é a revelação das possíveis causas do comportamento. Predição é prever o desenvolvimento futuro com base no desenvolvimento pregresso ou presente. Modificação é a intervenção para promover o desenvolvimento ideal.

(Papalia, D. E.; Olds, S. W. & Feldman, R. D., 2006, p. 44)

A edição mais atual foi escrita por Diane E. Paplia e Ruth Duskin Feldman e também é uma das principais bibliografias obrigatórias nas disciplinas de psicologia do desenvolvimento, ao lado da obra O Desenvolvimento da Pessoa: da infância à terceira idade, de K. S. Berger e A Criança em Desenvolvimento, de H. Bee.

A Interpretação dos Sonhos

(Edição comemorativa de 100 anos – Imago, 1999)

Considerada a obra prima de Sigmund Freud esse livro foi escrito em 1899, mas foi lançado como 1900 pois seria o livro do século (e foi!). Essa publicação extensa apresenta não apenas a compreensão e o manejo do trabalho com os sonhos, mas tece uma forte tese sobre a metapsicologia freudiana, isto é, sua compreensão do aparelho psíquico a nível de estrutura e funcionamento deste, sendo que, por exemplo, é nesta publicação que o autor apresenta o seu primeiro modelo de aparelho psíquico conhecido como primeira tópica (inconsciente e pré-consciente/consciente).

Uma prova convincente do fato de que o esquecimento dos sonhos é tendencioso e serve aos propósitos da resistência é fornecida quando se tem a possibilidade de observar, nas análises, um estágio preliminar de esquecimento. Não é infreqüente que, no meio do trabalho de interpretação, uma parte omitida do sonho venha à luz e seja descrita como tendo sido esquecida até então. Ora, uma parte do sonho assim resgatada do esquecimento é, invariavelmente, a mais importante; situa-se sempre no caminho mais curto para a solução do sonho e por isso foi mais exposta à resistência do que qualquer outra parte.

(Freud, S., 1899/1999, p. 121)

Descrições oníricas, autoanálise, interpretações, exemplos, esquecimentos, conceitos como censura, resistência, deslocamento, condensação, desejo, histeria etc compõe esta referência fundamental para o estudante das psis e obrigatória para o estudante da psicanálise (que deverá se aventurar também em Psicologia das Massas e Análise do Eu; Luto e Melancolia; Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade; Totem e Tabu, Mal Estar na Civilização; Além do Princípio do Prazer e outros…

Princípios Básicos de Análise do Comportamento

(Artmed, 1ª Edição)

Essa publicação apresenta, de forma bem didática e com vários exercícios de fixação, os pressupostos e desenvolvimentos da visão comportamental (behaviorista) sobre psicologia. Sendo assim, compila e apresenta autores como I. Pavlov, F. S. Keller, E. L. Thorndike, John B. Watson e B. F. Skinner. Diferencia o behaviorismo metodológico do radical e explica conceitos como: as leis do comportamento, contingências ambientais, controle de estímulos, emparelhamento, condicionamento clássico, condicionamento operante, reforçamento, punição, modelagem etc.

As consequências de nossos comportamentos vão influenciar suas ocorrências futuras. Dizer que as consequências dos comportamentos chegam a afetá-los é o mesmo que dizer que as consequências determinarão, em algum grau, se os comportamentos que as produziram ocorrerão ou não outra vez, ou se ocorrerão com maior ou menor frequência.

(Moreira, M. B. & Medeiros, C. A., 2007, p. 42)

Caso goste da temática, aproveitamos para sugerir também o Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição, de A. C. Catania.

Gestalt-Terapia (PHG)

(Summus Editorial, 2ª Edição)

Uma das correntes de pensamento que faz parte do chamado “terceiro movimento” (ou também “terceira força”) em psicologia é a Gestalt-Terapia, que é uma abordagem com bases, principalmente, humanistas, existenciais e fenomenológicas – desenvolvida no pós II Grande Guerra Mundial.

A publicação destacada é considerada uma das pedras angulares da teoria e foi escrita por F. Perls, P. Goodman e R. Hefferline – fundadores da corrente – e lançada em 1951. Percorre, portanto, conceitos como experiência, sentir, assimilar, contato, insight, awareness, gestalten, neurose, figura/fundo, ajustamento criativo, organismo, teoria de campo, entre outros, e traça uma nova teoria de compreensão do self e dos fenômenos terapêuticos.

A terapia consiste, assim, em analisar a estrutura interna da experiência concreta, qualquer que seja o grau de contato desta; não tanto o que está sendo experienciado, relembrado, feito, dito etc., mas a maneira como o que está sendo relembrado é relembrado, ou como o que é dito é dito, com que expressão facial, tom de voz, sintaxe, postura, afeto, omissão, consideração ou falta de consideração para com a outra pessoa etc. Trabalhando a unidade e a desunidade dessa estrutura da experiência aqui e agora, é possível refazer as relações dinâmicas da figura e fundo até que o contato se intensifique, a awareness se ilumine e o comportamento se energize. E o mais importante de tudo, a realização de uma gestalt vigorosa é a própria cura, porquanto a figura de contato não é apenas uma indicação da integração criativa da experiência, mas é a própria integração.

(Perls, F.; Hefferline, R. & Goodman, P., 1997, p. 46)

Cartas a um Jovem Terapeuta: reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos

(Elsevier/Alta Books, 3ª Edição)

Apesar de ser um livro escrito por um autor psicanalista – Contardo Calligaris – a obra transcende abordagens e, por meio de vários relatos e reflexões, dá toques pertinentes de realidade (com situações concretas e hipotéticas) para qualquer pessoa que tenha intentos de adentrar ou seguir na psicologia clínica e nos caminhos da psicoterapia.

Quando chegou o dia da primeira entrevista do primeiro paciente, eu tinha uma preocupação dupla: queria que o apartamento tivesse cara de consultório, mas também queria que não tivesse cara de consultório no dia de sua inauguração. Afinal, eu pensava, qual paciente gostaria de descobrir que o analista em que ele vem depositar uma esperança de cura é um novato absoluto? Cuidei dos detalhes: uma certa desordem de papéis e notas na mesa, uma pequena desarrumação do acolchoado do divã, para mostrar que alguém já deitara ali, três ou quatro baganas no cinzeiro (na época não só eu, mas a França inteira fumava), para mostrar que, naquela tarde, já me debruçara sobre outros destinos cabeludos.

Esse primeiro paciente se analisou comigo durante sete anos. Era um jovem psiquiatra, que se tornou analista por sua vez. Alguns anos depois dele terminar sua análise, quando eu já era um analista reconhecido e estabelecido, nos encontramos, por acaso, num congresso e conversamos um pouco. De repente, ele me perguntou: “Eu fui seu primeiro paciente, não fui?”.

(Calligaris, C., 2007, pp. 20-21)

É uma publicação não muito extensa e de fácil leitura, que tem se mostrado muito interessante quando discutida por grupos de alunos/estagiários em supervisões clínicas, pois aborda questões, conflitos, fantasias e dúvidas comuns para o universo desse perfil que está em formação – é um livro que pode fascinar ou frustrar muito.

Espero que tenha apreciado as sugestões, caso queira recomendar um livro também, deixe sua sugestão nos comentários 😉

Referências

Bock, A. M. B.; Furtado, O. & Teixeira, M. L. T. (2001). Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva.

Calligaris, C. (2007). Cartas a um jovem terapeuta: reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos. São Paulo: Elsevier.

Freud, S. (1899/1999). A interpretação dos sonhos. Obras Completas – Vol. 05 (1900-1901). Rio de Janeiro: Imago.

Moreira, M. B. & Medeiros, C. A. (2007). Princípios básicos de análise de comportamento. Porto Alegre: Artmed.

Papalia, D. E.; Olds, S. W. & Feldman, R. D. (2006). Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed.

Perls, F.; Hefferline, R. & Goodman, P. (1997). Gestalt-terapia. São Paulo: Summus Editorial.

Schultz, D. P. & Schultz (2014). História da psicologia moderna. São Paulo: Cengage Learning.

Por Caio Ferreira

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