A Psicanálise, Mia Khalifa, e a Guerra ao Terror

O que é a Guerra ao Terror?

Donald Trump chegou chegando. Nos primeiros dias de seu mandato como Presidente, assinou decretos polêmicos, entre eles, um que pode até ser tomado como xenofóbico. O memorando em questão restringe a entrada de imigrantes vindos de sete países de maioria muçulmana. São eles: Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.

Me proponho à relativizar esse movimento do governo estadunidense (e outros), com o momento político/social que vivemos no que tange à imigração, à luz de conceitos da Psicanálise.

O que é a Guerra ao Terror?

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(Imagem retirada da Internet)

A chamada “Guerra ao Terror” é o nome dado ao conjunto de operação (militares ou não) lançadas pelo governo americano, depois do 11 de Setembro, com o intuito de prevenir, ou intervir em possíveis articulações terroristas. Os americanos interviram militarmente em diversos países do Oriente Médio, com ênfase no Iraque e no Afeganistão.

As razões da presença militar americanas nesses países são debatidas desde então, bem como seu caráter ético (especialmente no que diz respeito ao tratamento de prisioneiros em prisões como Guantánamo).

Muito se fala na mídia internacional sobre fundamentalismo, especialmente fundamentalismo religioso, e como o combate à esse motiva, ou motivou as invasões americanas. Todos queremos um pouco de ouro negro, não é mesmo?

Muitos filmes foram feitos sobre esse tema, até mesmo um vencedor do Oscar, Guerra ao Terror. Outras películas notáveis são: Zona Verde, Relatos de Guerra e Soldado Anônimo 2: Campo em Chamas.

A partir do governo Obama (2008-2016), a presença americana nesses países tem sido substancialmente reduzida.

O que é o fundamentalismo?

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(Imagem retirada da Internet)

Não pretendo explicar, ou buscar as razões pelas quais fundamentalistas fazem o que fazem. Isso demandaria um trabalho muito mais extenso do que me é proposto neste espaço. Vou tentar, à medida do possível, delimitar o que entendo por fundamentalismo.

O fundamentalismo (islâmico) trata-se de uma leitura radical do Jihad.  Uma interpretação “rígida” da lei Islâmica. Cada vez mais os países do Oriente Médio passam a dissociar a Religião do Estado. Algo natural, ou quase em boa parte do Ocidente. Uma tensão então toma lugar entre algumas partes que acreditam em um movimento progressista, ou um modelo de sociedade mais próximo das demandas da globalização, e outras que tomam partido em uma visão mais arcaica do social, e de normas de conduta. Não necessariamente um fundamentalista é um terrorista. Nem todos são a favor de jogar aviões contra prédios.

Em 2011, 10 anos depois do 11 de Setembro, o então presidente americano, Barack Hussein Obama, declarou que em nenhum momento a investida militar americana visava a religião islâmica, ou pessoas islâmicas, mas extremistas dispostos à tudo, que por acaso são originários da mesma comunidade religiosa .

Mia Khalifa

Mia Khalifa

(Imagem retirada da Internet)

Mia Callista, mais conhecida pelos internautas como Mia Khalifa, é uma atriz pornográfica e modelo adulta de origem libanesa. Nascida na capita, Beirute, Mia emigrou para os EUA em 2000, e iniciou sua carreira em 2014, aos 21 anos de idade.

A atriz já sofreu diversas ameaças de morte originadas do Oriente Médio, em função de sua ocupação ser tida como “desrespeitosa” aos olhos do Islã.

Ela é a atriz de filmes adultos mais procurada hoje na internet. Curioso, não?

A Psicanálise, Mia Khalifa e a Guerra

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(Imagem retirada da Internet)

O psicanalista francês Jacques Lacan, dizia que o ódio é uma das paixões do ser de linguagem. Ou seja, não é justificável que alguém mate e morra em nome de alguém, ou algo, digo que é “entendível”. Freud falava da pulsão de morte, como o contraponto à pulsão de vida.  As pulsões seriam uma espécie de circuito em direção ao objeto de desejo, ou a uma experiência de satisfação. Entende-se ainda que a pulsão visa restituir um objeto/experiência que agora falta. A pulsão de morte pode ser entendido como um trabalho psíquico no sentido de morte do ego, ou destruição do ser (ódio).

Segundo uma estatística lançada há 3 anos pelo site PornHub, um dos gigantes do gênero pornográfico, os EUA ficam entre os 3 países que passam mais tempo acessando conteúdo adulto. 35% dos downloads realizados na rede é de material adulto.

Uma atriz de origem árabe* é a mais acessada, em tempos de medo e ódio com relação à comunidade islâmica. Penso que é válido notar a coincidência de tais fatos. Talvez não seja por acaso. Vejamos. Uma interpretação possível é a sublimação dos afetos negativos, o ódio “islamofóbico” alardeado pela propaganda americana. É vitorioso para a América que uma garota de origem árabe esteja presente nos fetiches (de submissão ou não) de muitos cidadãos. Freud, em A Dinâmica da Transferência (1912) fala de como todas as relações que estabelecemos na vida têm como base afetos sexuais. Como a amizade e inimizade entre os pares tem um “fundo” sexual.

Freud estuda as características de morticínio das pessoas em grupos em Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921) e Mal-Estar na Civilização (1930). Recomendo à todos essas leituras para poder-se pensar a cena política envolvendo qualquer tipo de extremismo.

Até a próxima.

*Salvaguardando que aqui faço uma generalização dos árabes, que nem sempre é justa.

Referências

Ceccarelli, P. Internet e Pornografia, 2015.

Freud, S. A Dinâmica da Transferência (1912), Editora Imago, 1996.

Por Igor Banin

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